Os Guarani Yvyrupa falam do ato realizado no dia 30 de agosto em São Paulo

Durante cerca de 24 horas os Guarani cantaram seu grito de guerra em defesa de suas terras Jaraguá. Ocuparam o escritório da presidência em São Paulo realizando o maior ato guarani com mais de 2 mil parentes guarani de diversas regiões e milhares de apoiadores. A avenida Paulista presenciou o grito de uma nação que não vai permitir que suas terras já demarcadas sejam expropriadas: o Jaraguá é Guarani!

No dia 21 de agosto deste ano foi publicada uma portaria do Ministério da Justiça revogando uma portaria anterior de 2015, roubando mais de 500 hectares da terra indígena Guarani, Essa região fica na divisa de Osasco com a capital paulista e abriga cerca de 700 indígenas, em sua grande maioria crianças e mulheres.

Essa luta é parte da definição do que é o “marco temporal”, um mecanismo dos ruralistas para diminuir as terras indígenas e prosseguir com o genocídio dos povos originários. Tal justificativa já havia sido utilizada nas terras Raposa Serra do Sol, em Roraima e se fosse aprovada, desconsideraria todo o processo de expulsão sofrido por essas comunidades pois só seriam reconhecidas como terras indígenas aquelas que os indígenas estivessem com a posse antes da CF.

“Nossos xondaros que fazem agora vigília em Brasília receberam do Ministro Torquato Bandeirante a palavra fria e mentirosa de quem já negociou e vendeu as terras que habitamos, terras que Nhanderu deixou pra nós e que nenhum juruá tem direito de tomar.

 Agradecemos a todos os nossos apoiadores não indígenas que nos mostraram que não tem o coração de pedra, que sabem ouvir a força de nossas rezas e de nossas palavras verdadeiras recebidas das divindades. Agradecemos a todos parentes que estiveram presentes, especialmente a delegação kaiowa da Aty Guasu, que veio de longe mostrar a união do povo guarani.

 Precisaremos cada vez mais que suas vozes se somem aos nossos cantos para enfrentar esses ataques que buscam destruir não só os povos indígenas, mas todos aqueles que se recusam a falar somente a língua do dinheiro, dos colonizadores, bandeirantes, ruralistas: nossos atuais governantes.

 Seguiremos na luta até a revogação da Portaria 683 do Ministério da Justiça, e a devolução da Terra Indígena do Jaraguá. Pedimos a todos que continuem junto conosco nessa batalha que apenas se inicia.

 Aguyjevete pra quem luta!

 O Jaraguá é Guarani!”